O desmonte das políticas ambientais no Brasil nos anos Bolsonaro, que resultou em aumento do desmatamento em todos os biomas e das emissões de gases de efeito estufa do país, provocou a mobilização de algumas organizações da sociedade civil a fim de fortalecer a bancada ambientalista no Congresso na próxima legislatura.
A compreensão é de que é no Legislativo que a agenda ambiental e climática pode avançar ou atravancar no país. Foi lá que parte dos retrocessos observados nos últimos quatro anos —mas não só— teve palco.
A plataforma Farol Verde, uma das mais robustas a rastrear candidaturas à reeleição e novas mais alinhadas com a agenda ambiental, identificou que a maior parte dos candidatos que tentam se reeleger na Câmara ou no Senado tiveram um desempenho antiambiental na atual legislatura.
O levantamento, divulgado nesta terça-feira (20), faz um raio-X sobre como votaram, entre janeiro de 2019 e julho deste ano, 486 parlamentares que tentam se manter no cargo ou mudar para a Casa vizinha. O resultado mostra que a maioria não seria aprovada no critério de compromisso ambiental.
Para fazer essa análise, a plataforma, apoiada por diversas organizações da sociedade civil, criou um índice de convergência ambiental. Chamado de ICAt, ele deu uma nota de 0% a 100% para cada um dos candidatos. Pelo cálculo, quanto mais próximo de 100%, mais verde é o candidato à reeleição.
A nota leva em conta como esses políticos se manifestaram em 12 votações críticas para a área no período. Elas trataram de anistias a grilagem de terras, regularização fundiária, flexibilização do Código Florestal, dia dos povos indígenas, urgência para mineração em terras indígenas, liberação de agrotóxicos, flexibilização do licenciamento ambiental, mercado de carbono, pagamento por serviços ambientais e água como direito fundamental.