A menos de dois meses das eleições presidenciais, Donald Trump celebrou, ontem, uma excelente notícia para a sua candidatura. O juiz Juan Merchan decidiu que a sentença do magnata republicano no processo em que ele foi condenado por fraude contábil só será conhecida após a corrida à Casa Branca. Trata-se de uma vitória significativa para o ex-presidente, a apenas quatro dias do primeiro debate com a candidata democrata, a vice-presidente Kamala Harris.
Em 31 de maio, Trump foi declarado culpado por esconder contabilmente o pagamento de US$ 130 mil (em torno de R$ 728 mil, na cotação atual) à ex-atriz pornô Stormy Daniels, 45, na reta final das eleições presidenciais de 2016. A sentença, prevista para o próximo dia 18, foi adiada por Merchan para 26 de novembro.
"A caça às bruxas em Manhattan foi adiada porque todos perceberam que NÃO HOUVE CASO, EU NÃO FIZ NADA DE ERRADO! Este caso deve ser encerrado enquanto nos preparamos para as Eleições Mais Importantes da História do Nosso País", comemorou o republicano em sua plataforma Truth Social.
O anúncio do adiamento ocorreu minutos depois de o ex-presidente ter feito um longo discurso sobre seus problemas judiciais. O magnata convocou jornalistas para uma coletiva de imprensa em uma de suas propriedades em Nova York, a Trump Tower, sem nenhum motivo aparente. Vestido com sua tradicional gravata vermelha, ele discorreu sobre seu julgamento civil por agressão sexual e sobre a condenação no caso de Stormy Daniels.
Após 40 minutos, falou sobre sua adversária, Kamala Harris, afirmando estar muito à frente dela nas pesquisas, quando, na realidade, as consultas vêm se mostrando muito equilibradas.
Ao fim da coletiva, Trump seguiu para a Carolina do Norte, um dos estados mais disputados nas eleições, onde o envio das primeiras cédulas de voto pelos correios foi postergado por decisão de um juiz.
Na agenda, uma visita a um poderoso sindicato policial. Trump acusa o presidente Joe Biden e a vice de serem responsáveis por uma onda de crimes que associa à imigração ilegal. As estatísticas negam a denúncia do magnata, mas os dois temas continuam sendo uma pedra no caminho de Kamala Harris.
A vice de Biden recebeu o apoio de agentes de polícia, em uma mensagem divulgada por seu comitê. "Em novembro, os americanos terão que escolher entre alguém que passou a vida fazendo cumprir nossas leis e alguém que foi condenado por violá-las", assinalou a mensagem, em referência à carreira de Harris como promotora e à situação de Trump perante a Justiça.
Ontem, a democrata concedeu sua segunda entrevista desde que entrou na corrida eleitoral, desta vez para uma emissora de rádio em espanhol. Segundo uma pesquisa divulgada na quarta-feira, 59% dos latinos apoiam Kamala Harris, embora muitos acreditem que nem ela nem Trump defendem sua maior preocupação: o custo de vida.
Na entrevista, a vice-presidente recordou que, durante o governo Biden, as pequenas empresas de pessoas latinas tiveram um "crescimento recorde" e ela continuará a apoiá-los, com uma dedução fiscal de US$ 50 mil (R$ 275 mil na cotação atual) para a criação de um novo negócio.
"Temos que virar a página dessa era Trump, você sabe, essa pessoa que falou sobre como os imigrantes envenenam o sangue da América, essa pessoa que busca dividir nossa nação, menosprezando as pessoas, menosprezando os membros do exército, pelo amor de Deus", declarou.
Os dois presidenciáveis se enfrentarão pela primeira vez na próxima terça-feira durante debate organizado pela emissora ABC News. Antes disso, Kamala fará várias aparições públicas, numa estratégia diferente da adotada por Biden, que se isolou por vários dias para se preparar para o embate de junho contra Trump. Não funcionou. Seu desempenho foi catastrófico e os democratas o forçaram a desistir.