No último dia da 4ª Feira Nacional da Reforma Agrária, que ocorre neste domingo (14), no Parque da Água Branca, em São Paulo (SP), foram doadas 25 toneladas de alimentos saudáveis pelo MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) para 20 entidades sociais da grande São Paulo.
O padre Júlio Lancellotti, da Pastoral do Povo de Rua, recebeu de forma simbólica, junto com integrantes das entidades, os alimentos advindos de 24 estados e que ajudarão no combate à fome.
“Nesse momento a palavra é de gratidão e de encorajamento: a nossa luta vale a pena. Não podemos desistir. [Devemos] ocupar, produzir, resistir e enfrentar”, disse o padre.
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Na sequência lembrou de todas as dificuldades que o povo de rua enfrenta. “Todos que andam hoje pelo centro de São Paulo estão vendo a quantidade de pessoas que estão nas ruas. Quantos irmãs e irmãos estão nas ruas, debaixo de terrível repressão e violência das Guardas Civis metropolitanas e das polícias militares, isso se repete pelo Brasil todo”, criticou.
Ao falar sobre a doação, ressaltou que o Brasil produz comida suficiente para que ninguém passe fome: “O povo sabe que tem comida para todo mundo. O Brasil produz, o MST produz e produz alimento de qualidade para os mais pobres, para o nosso o povo”.
Ao concluir o seu agradecimento, Júlio Lancellotti disse que a “feira do MST é um exemplo para o Brasil todo” e que prepara nos próximos dias, junto ao movimento, um bandejão solidário e popular para atender os necessitados na região da Mooca, onde mantém sua ação solidária.
Antes da entrega dos alimentos participaram de conferência do MST, o ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Márcio Macêdo, o ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, o governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues, entre outras lideranças.
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Na ato, o fundador e membro da direção nacional do MST, João Pedro Stedile, lembrou da obra de Josué de Castro, Geografia da Fome, que constatou nos anos 40 que a fome “não é um problema da natureza, é um problema dos homens”.
“A fome não é causada pela seca nem por intempéries climáticas. A fome é resultado das relações sociais de produção na sociedade”, explicou.
Para completar, falou da indignação que é para todos ter pessoas nas ruas e sem se alimentar: “É uma vergonha, não para o governo, não para as prefeituras. É uma vergonha para o povo brasileiro, um país tão rico. Tem gente que ainda mora na rua e não podemos admitir. Por isso que o MST é solidário. Nós entregamos milhares de marmitas durante a pandemia para salvar este povo”, concluiu Stedile.