O General de Exército Tomás Miguel Miné Ribeiro Paiva assumiu o comando da força terrestre em 7/02/2023. O período é considerado conturbado e o Exército Brasileiro enfrenta uma situação difícil no que diz respeito à política e ao relacionamento com a população Brasileira. Nas redes sociais, usadas como principal canal de comunicação entre a sociedade e as instituições, os ataques vindos da direita e da esquerda contra a força terrestre são tão numerosos que o serviço de comunicação social da força tomou a atitude até então inédita de proibir comentários de usuários por quase 2 meses.
Depois de mantidas fechadas por vários meses, por ordem do Comandante do Exército as redes foram reabertas. Entretanto, não houve redução significativa na quantidade de ataques críticas e xingamentos. Em paralelo a tudo isso o general Tomás mandou distribuir aos militares da força uma diretiva bastante extensa que Baliza o comportamento de instituições e dos próprios militares nos próximos 4 anos.
Estudando-se o documento, que possui nada menos do que 36 diretrizes, fica claro que um dos objetivos principais é recuperar a credibilidade da força terrestre junto à sociedade Brasileira, outro dos objetivos é manter a força armada longe do Turbilhão político.
Veja 5 tópicos considerados impactantes na diretriz do general de exército Tomás Miguel Miné para o quadriênio
Em audiência pública realizada na Câmara dos deputados os comandantes das Forças Armadas reclamaram da falta de verba para treinamentos e aquisição de novos equipamentos militares. A questão que é colocada por muitos civis e até por militares da reserva é se atualmente o Exército Brasileiro tem possibilidade de garantir a defesa nacional no caso de um ataque perpetrado por uma grande potência ou mesmo por uma coalizão de países fronteiriços.
Consideradas importantes pelos militares, principalmente no que diz respeito a adquirir experiência e prática em combates reais, às missões humanitárias são bancadas em parte pelos próprios brasileiros o que tem gerado polêmica na medida em que no próprio Brasil há locais carentes da presença do poder público e extremamente violentos como as próprias comunidades cariocas onde persiste um estado paralelo com suas próprias regras e restrições.
Essa diretriz é vista como uma das mais controversas na medida em que o ambiente antártico é essencialmente ligado ao mar e já possui apoio e assessoramento feito pela Marinha do Brasil. Não se enxerga necessidade de inserir representantes do exército nas atividades realizadas na Antártica na medida em que não há disputas territoriais e procura-se ali um afastamento de quaisquer questões ligadas ao poder bélico das nações.
Durante o governo Bolsonaro os diversos discursos de oficiais generais passaram a impressão de que a cúpula da força terrestre estaria alinhada com os partidos conservadores ou de direita. Entretanto, com a vitória nas urnas e consequente posse de Luiz Inácio Lula, a população que esperava que o Exército Brasileiro influísse politicamente para que Bolsonaro permanecesse como o presidente da República tem se comportado como haters, usando as redes sociais para denegrir diuturnamente o Exército Brasileiro. Por outro lado políticos mídia e a parte da sociedade posicionada à esquerda do espectro político e que percebeu todo o esforço dos membros da cúpula político armada para reeleger Jair Bolsonaro também se mostra ressentida com o comportamento por eles considerado como inadequado para uma instituição de estado.
O próprio comandante no início da sua diretriz declarou que vive-se “em um cenário complexo, ambíguo, volátil e incerto, em que forças desagregadoras competem com iniciativas que podem vir a desafiar soberanias“. Disso tudo vem a necessidade de investimento em comunicação estratégica e maximização dos esforços para emplacar um discurso que consiga suplantar as narrativas desfavoráveis à força terrestre.
Um exemplo recente desse ressentimento por parte da direita foram os comentários feitos em audiência pública na comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara dos Deputados pelo ex-ministro e atual deputado federal Ricardo Salles sobre a atuação das Forças Armadas durante o governo Jair Bolsonaro. Salles, segundo reportagem veiculada pela folha de São Paulo, inclusive já declarou que decidiu apoiar uma proposta do Partido dos Trabalhadores para alterar o artigo 142 da Constituição com o objetivo de impedir militares da ativa de ocupar cargos civis em governos e acabar com Operações de Garantia da Lei e da Ordem.
Por último, a exemplo do que já fez a Marinha do Brasil, o comandante do exército quer que se crie e uma associação de amigos do Exército Brasileiro. Com a fundação da instituição e provavelmente com a criação da medalha amigo do exército, o comandante enxerga a possibilidade de conquistar membros da sociedade para que funcionem como propagadores da visão de mundo do exército, angariando a simpatia da sociedade e consequentemente da classe política.
A proposta, aliada à providências que já vêm sendo tomadas como a substituição de militares de carreira por militares temporários, traz a determinação para que em 6 anos o Exército Brasileiro, que proporcionalmente já é um dos menores do planeta, diminua o número de militares em 6.2%.
A força terrestre hoje possui aproximadamente 213.000 militares, com a redução proposta, em 2029 o Brasil deve contar com menos de 200 mil militares no serviço ativo no Exército Brasileiro.
Robson Augusto, Revista Sociedade M