Goiás alcançou um novo marco ao aumentar em 65% os transplantes de órgãos nos últimos cinco anos. Conforme informações da Secretaria Estadual de Saúde (SES), somente em 2024, o estado teve 114 registros, dentro de um cenário que totalizou 657 notificações de morte encefálica. Desde 2020, foram realizados 3.414 transplantes em Goiás.
O salto nos números de transplantes, que passaram de 540 em 2020 para 891 em 2024, demonstra que os esforços voltados à capacitação das equipes de saúde e à sensibilização da população têm dado resultados.
Desafios no consentimento familiar
A gerente da Central Estadual de Transplantes da Secretaria de Saúde de Goiás, Katiuscia Freitas, destaca que o principal desafio permanece na obtenção do consentimento das famílias dos potenciais doadores. Segundo ela, o diálogo entre pacientes e familiares sobre a doação ainda é insuficiente, embora a prática seja essencial para garantir o sucesso das doações.
“Trabalhamos com o incentivo à manifestação expressa do doador aos familiares e ao diálogo consciente. Levamos informações e esclarecimentos sobre todo o processo e fazemos campanhas sistemáticas de orientação”, explicou Katiuscia.
A conscientização sobre a importância da doação não se restringe às campanhas públicas. Profissionais de saúde têm sido capacitados por meio de treinamentos sistemáticos realizados nas unidades de atendimento. Essas ações asseguram que todos os casos de morte encefálica sejam comunicados à Central Estadual de Transplantes, permitindo o monitoramento e a validação conforme a legislação vigente, além de possibilitar que mais famílias sejam sensibilizadas a autorizar a doação.
Hospital Alberto Rassi
Entre os diversos avanços conquistados por Goiás nos últimos cinco anos, destaca-se a consolidação do Hospital Estadual Dr. Alberto Rassi (HGG) como o maior centro transplantador do estado. Cerca de 98% dos transplantes realizados em Goiás ocorreram nesta unidade, que se tornou referência não apenas na execução de transplantes complexos, mas também na introdução de novos procedimentos.
Em 2024, o HGG realizou, pela primeira vez, transplantes de pâncreas e de medula óssea autólogo, colocando Goiás em uma posição de vanguarda no cenário nacional. Além disso, os transplantes de medula óssea alcançaram um crescimento de 102% em relação ao ano anterior, tornando 2024 o período com maiores números da série.
Expansão e diversificação
O leque de transplantes realizados em Goiás é extenso e inclui rins, fígado, pâncreas, córneas, medula óssea e músculo esquelético. Esse amplo portfólio de procedimentos atende à crescente demanda, que atualmente mantém cerca de 2 mil pessoas aguardando na lista de espera por uma nova chance de vida.
Outro fator para o incremento nos transplantes é o aumento no número de notificações de morte encefálica, que cresceu 18% nos últimos anos. A introdução de protocolos de monitoramento nas unidades de saúde garante maior agilidade e transparência nos diagnósticos, além de fornecer dados para planejar ações estratégicas voltadas à captação de órgãos.
“Esperamos que em 2025 possamos aumentar o consentimento das famílias e contribuir com um maior número de pessoas beneficiadas por um recomeço através dos transplantes”, declarou Katiuscia Freitas.
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