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Autódromo de Brasília completa 50 anos; relembre a história

Autódromo de Brasília completa, hoje, meio século. Inaugurado com prova da F1 vencida pelo bicampeão mundial Emerson Fittipaldi, circuito inoperante desde 2014 recebeu quase um terço da população da capital do país em 1974

Publicada em 03/02/24 às 20:22h - 23 visualizações

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Autódromo de Brasília completa 50 anos; relembre a história
 (Foto: Rádio Rir Brasil - Brasília - Direção: Ronaldo Castro 61 99808 5827)
03/02/1974. Credito: Claudio/CB/D.A Press. Brasil. Brasilia - DF. Publico durante a inauguracao do Autodromo de Braslia.
CB, 04/02/1974. Primeiro caderno, p. 8;
CB, F 4662 -  (crédito: Claudio/CB/D.A Press)
03/02/1974. Credito: Claudio/CB/D.A Press. Brasil. Brasilia - DF. Publico durante a inauguracao do Autodromo de Braslia. CB, 04/02/1974. Primeiro caderno, p. 8; CB, F 4662 - (crédito: Claudio/CB/D.A Press)
Foto de perfil do autor(a) Arthur Ribeiro
Arthur Ribeiro* 
postado em 03/02/2024 03:55 / atualizado em 03/02/2024 19:04

Era um domingo de céu aberto no Distrito Federal naquele 3 de fevereiro de 1974. A data pode parecer comum aos olhos desatentos, mas neste dia a capital celebrava a inauguração do Autódromo de Brasília — à época um marco no desenvolvimento da cidade. A corrida de abertura foi a primeira e única prova da Fórmula 1 em solo candango, apesar de não ter contado pontos para o campeonato. No grid enfileiraram-se 12 pilotos, 11 deles da principal categoria do automobilismo mundial. Meio século depois, o agora nomeado Autódromo Internacional Nelson Piquet comemora 50 anos de memórias, mas está de portas fechadas há uma década.

O primeiro uso do traçado, na realidade, aconteceu 24 horas antes, para a classificação, porém, a corrida é considerada como abertura oficial. O evento de lançamento foi um sucesso para a época, com 150 mil espectadores espalhados entre arquibancada e gramado. Para efeito de comparação, o censo de 1970 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indicava 546 mil habitantes no DF naquele período. Ou seja, quase um terço da população local acompanhou o Grande Prêmio Presidente Médici, em homenagem ao então terceiro governante da ditadura militar.

A coroação da festa foi ver um brasileiro vencer a corrida: Emerson Fittipaldi. Correndo contra o irmão Wilson e o compatriota José Carlos Pace, que nomeia o Autódromo de Interlagos, em São Paulo, o bicampeão mundial de F1 tornou-se o primeiro a ver a bandeira quadriculada. Uma semana antes, ele havia ganhado o GP da capital paulista. Este, sim, valia pontos para a temporada. 

“A vitória foi de Emerson. E veio dar ainda mais colorido e entusiasmo à festa com que a cidade justificadamente mostrava seu encantamento e seu orgulho pelo magnífico presente que recebia de seus administradores: o tão sonhado Autódromo, que superou a mais otimista expectativa. Brasília está feliz. E muito orgulhosa. E com muita razão”, escreveu o Correio 50 anos atrás.

Colecionador de inúmeras conquistas na carreira e sacramentado como um dos maiores ídolos do automobilismo mundial, Fittipaldi guarda com carinho a memória daquele 3 de fevereiro. O sentimento faz aumentar a expectativa para ver o local funcionando novamente.

“Brasília tem muita tradição no automobilismo. A minha esperança é de que o Autódromo seja reinaugurado o mais rapidamente possível. No lugar onde fica e com a tradição que existe, não pode ficar fechado. Foi um envolvimento muito grande da cidade com o Autódromo. Em Brasília, sempre se respirou automobilismo. Eu adoraria vir para a reinauguração. Acho que todos os grandes campeões brasileiros deveriam vir para uma grande festa”, disse Emerson em entrevista ao Correio, em 2019.

O percurso de 12 curvas e 5.476 metros, com a maior reta se estendendo por 750m, não recebeu outra prova da Fórmula 1. O circo voltou ao Brasil apenas nos percursos de Interlagos, São Paulo, e de Jacarepaguá, no Rio. Ainda assim, o Autódromo de Brasília foi palco de corridas de Gran Turismo, F3 Sul-Americana, Fórmula Renault, Copa Truck, Copa Clio, Brasileiro de Motociclismo e Stock Car.

Além da velocidade, o espaço recebeu eventos culturais, como o carnaval fora de época Micarecandanga, e até hoje é casa do Cine Drive-in, o maior cinema a céu aberto da América Latina e o último do Brasil até antes da pandemia, em 2020.

A mudança de nome veio apenas 22 anos após a inauguração, em 1996, passando a ser chamado Autódromo Internacional Nelson Piquet. Tricampeão mundial de Fórmula 1, o carioca criado no DF arrendou o espaço e colocou o próprio nome no percurso. Em 2023, o deputado distrital Fábio Félix (Psol-DF) apresentou uma proposta para alterar a nomeação devido às polêmicas do expiloto, mas ainda não avançou.

Já sob a nova alcunha, o último ronco dos carros de velocidade nas pistas aconteceu em 2014, com uma prova dupla da Stock Car. Os vencedores foram Átila Abreu e Thiago Camilo, os últimos a subir no pódio do Autódromo.

O capítulo mais triste do livro de memórias veio em 2014, quando o circuito fechou para reformas. Desde então, lá se vai uma década de inatividade. Apesar de projetos de revitalização serem apresentados, nenhum foi concluído até o momento, resultando em cancelamentos de etapas da Stock Car previstas para as temporadas de 2021 e 2023. Ainda assim, a torcida é por um cenário diferente depois do aniversário de 50 anos.

Futuro

A última atualização do GDF sobre a situação do Autódromo veio em dezembro de 2023, quando o governador Ibaneis Rocha (MDB) prometeu a reabertura do local no futuro próximo. “Tivemos, esse ano (2023), grandes eventos no DF, tanto na área de shows quanto eventos esportivos, e para o próximo ano (2024) vamos ter a inauguração do nosso autódromo, fechado há 10 anos. Vamos mostrar que aqui também é uma área do automobilismo”, afirmou.

Com R$ 28,3 milhões investidos nas obras de revitalização do Autódromo desde 2022, até o momento já foram finalizados os processos de fresagem e terraplanagem do circuito principal, além do aumento da área de escape. Restam novas etapas, mas os materiais e insumos necessários estão disponíveis para seguir. Pelo andamento das fases, a previsão é de realizar os primeiros testes da pista ainda neste mês.

Após a conclusão de todas as obras, a expectativa é de o Autódromo se tornar um espaço multiuso, recebendo corridas de automobilismo, motociclismo, ciclismo, caminhadas, festivais culturais e um novo kartódromo de padrão internacional. Do lado social, será lançado um edital de cultura para artistas da cidade participarem da confecção da área externa do local.

O sonho de ser palco dos principais eventos mundiais, no entanto, precisa primeiro passar pela validação de autoridades nacionais e internacionais, como a Federação Internacional de Automobilismo (FIA), Confederação Brasileira de Automobilismo (CBA) e a Federação Internacional de Motociclismo (FIM).




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