Foto: RealTV/Divulgação
O suposto caso de assédio ocorrido durante o confronto entre Real Brasília e Ferroviária-SP, pelo Brasileirão Feminino, em março do ano passado, em Brasília, chegou à Justiça comum e terá seu desfecho definido em duas semanas.
Os advogados do Real Brasília apresentaram uma queixa-crime contra a fisioterapeuta e a diretora de futebol feminino do clube paulista pelo crime de calúnia. Segundo os defensores do clube de Luis Felipe Belmonte, a acusação de que integrantes do Real Brasília, uniformizados, teriam feito comentários de cunho sexual a fisioterapeuta é falsa. Eles alegam que as denúncias expuseram indevidamente a instituição.
O caso já foi analisado no âmbito do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), em setembro do ano passado, quando a denúncia apresentada pela Ferroviária foi rejeitada, absolvendo o Real Brasília.
Logo após a vitória no STJD, o clube procurou a Justiça comum, pedindo a condenação da dupla da Ferroviária pelo crime de calúnia contra a instituição, mas o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) optou por não dar prosseguimento à queixa-crime, que também foi rejeitada pela 2ª Vara Criminal, em primeira instância.
Apesar das negativas, o Real Brasília recorreu da decisão, e o desfecho do caso será conhecido em 6 de fevereiro, quando o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT) analisará o recurso em segunda instância.
Em nota, o advogado José Francisco Fischinger, que representa o clube, afirmou que o recurso foi apresentado por considerar a decisão inicial injusta.
“Nós alegamos que houve a descrição de um fato aparentemente falso que resultou na exposição da reputação do clube. E, posteriormente, a amplificação desse episódio nas redes sociais”, explicou Fischinger.
O advogado também contesta as alegações de que os comentários partiram de integrantes do Real Brasília. “Não estamos apontando essa ou aquela pessoa, mas afirmando que o episódio descrito na súmula não aconteceu”, completou.
A equipe da Esportes Brasília entrou em contato com a defesa da fisioterapeuta. Em nota assinada pela advogada Josimara Veiga Ruiz, a defensora criticou a decisão do Real Brasília.
“Denunciar ou registrar qualquer tipo de importunação sexual é conduta expressamente legítima, não podendo a vítima sofrer prejuízos por exercer seu direito. Ainda que não tenha sido possível individualizar quem fora o assediador, insistir em que a vítima seja agora processada é revitimizá-la, o que se revela inadmissível e repulsivo. Esperamos que o tribunal mantenha a rejeição da acusação e arquive o caso”, disse.
A EB não conseguiu localizar o advogado da diretora da Ferroviária. O espaço permanece aberto para manifestações.
O caso
O episódio ocorreu em 19 de março do ano passado, durante a segunda rodada do Campeonato Brasileiro Feminino. Na ocasião, a fisioterapeuta da Ferroviária foi chamada para atender a goleira Luciana, aos 40 minutos da etapa final. Durante o atendimento, integrantes do clube candango, supostamente, teriam feito comentários de cunho sexual sobre a aparência física da profissional.
Após a partida, a fisioterapeuta denunciou o ocorrido à delegada responsável, que registrou o relato na súmula da partida. No dia seguinte, a Ferroviária divulgou uma nota pública acusando o Real Brasília de assédio sexual e informou que havia aberto um inquérito no STJD.
Em resposta, o clube do Distrito Federal negou as acusações e classificou as evidências apresentadas como “falsas e levianas”.
É repórter do Correio Braziliense e atua como comentarista da Esportes Brasília desde maio de 2024.