Relatório da Convenção das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, Unfccc, relata como diversos países implementaram planos de baixo carbono; iniciativas sobre ação climática são recomendadas na criação de políticas energéticas.
Mudar para uma economia de baixo carbono pode criar empregos e oportunidades, mas deve ocorrer de forma econômica e socialmente justa. Essa é a conclusão de estudos de um novo relatório da Convenção das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, Unfccc.
O diretor de mitigação da ONU para mudanças climáticas, James Grabert, explica que para incluir todos, os países precisam de políticas de transição e diversificação econômica abrangentes, inclusivas e baseadas no diálogo social.
Para ele, essas políticas devem ser integradas aos planos nacionais de ação climática, bem como a programas nacionais de adaptação, para evitar o agravamento da desigualdade.
A Unfcc afirma que o conceito de “transição justa” reconhece que uma mudança para uma economia mais sustentável pode ter impactos significativos sobre trabalhadores e comunidades que dependem de combustíveis fósseis.
O relatório traz alguns dos melhores exemplos de países que já estão implementando essas estratégias.
Os casos vão desde a proteção social para trabalhadores de fábricas em Bangladesh, onde a moda está buscando modelos de negócios mais sustentáveis, até acordos na Espanha, que está substituindo usinas de carvão por parques eólicos e usinas fotovoltaicas.
O relatório conclui que incluir treinamento e desenvolvimento de habilidades em planos nacionais de ação climática e roteiros de eletricidade pode criar políticas energéticas equitativas e duradouras.
Uma iniciativa nas Ilhas Marshall, por exemplo, leva treinamento técnico para mulheres no setor de energia solar, ajudando o país a atingir sua meta de 100% de energia renovável até 2050.
Na Dinamarca, um antigo estaleiro foi transformado em parque industrial com 100 empresas do setor de energia renovável. Em 2012, quando o estaleiro fechou, mais de 3 mil trabalhadores foram demitidos.
Imediatamente após a decisão de fechar o estaleiro em 2009, uma parceria público-privada foi estabelecida para transformar o local em um parque industrial para indústria de energia eólica e renovável.
Hoje, mais de 2,5 mil pessoas estão empregadas nas 100 empresas que operam no local e outros 3 mil profissionais atuam na indústria local e na hospitalidade que dão suporte ao local.
O relatório ressalta que não existe uma abordagem única para transição justa. As estratégias devem ser adaptadas a cada país individualmente.
Na Nigéria, a transição precisa considerar a adaptação aos impactos das mudanças climáticas, já que cerca de 70% dos nigerianos trabalham na agricultura ou na pesca.
Mas o país africano enfrenta quedas acentuadas na produtividade agrícola devido a eventos climáticos extremos e secas mais frequentes e severas. Ali, são necessários novos empregos e métodos de produção.
Em 2018, o Congresso Trabalhista da Nigéria lançou um projeto sobre uma transição justa em dois setores: agricultura e petróleo.
O projeto almeja construir um entendimento compartilhado e uma agenda política entre os sindicatos nigerianos, a sociedade civil e as comunidades sobre como seria uma transição justa para esses dois setores na Nigéria e desenvolver modelos e melhores práticas para outros sindicatos.