A poucos dias da eleição no Paraguai, no próximo domingo, um terceiro candidato ganhou fôlego na reta final da campanha: Paraguayo Cubas, ou Payo Cubas, como é conhecido. Segundo uma pesquisa da Atlas/Intel publicada nesta terça-feira, Cubas, que já prometeu matar “100 mil brasileiros bandidos”, subiu oito pontos percentuais na reta final da campanha, deixando ainda mais incerto um resultado no próximo domingo — o país não tem disputa de segundo turno.
Os dois principais candidatos, o opositor Efraín Alegre, do Partido Liberal Radical Autêntico (PLRA), e Santiago Peña, do governista Partido Colorado, aparecem tecnicamente empatados, com 34% e 33% respectivamente. Cubas está em terceiro, com 23% das intenções de votos, oito pontos percentuais a mais que na pesquisa divulgada no início de abril. A sondagem da Atlas/Intel ouviu 2.320 pessoas, entre os dias 20 e 24 deste mês.
Não há consenso entre as pesquisas sobre quem é o favorito para vencer a votação, que pode representar a primeira mudança de governo em dez anos — outras sondagens dão vantagem de até 20 pontos percentuais para Peña.
Mas a nova pesquisa divulgada nesta terça indica uma inclinação pela mudança: a maioria dos paraguaios, 53%, disse que prefere que o próximo presidente seja alguém da oposição ou da Concertação, frente ampla liderada por Alegre, enquanto 29% afirmam querer a continuação do Partido Colorado.
Em um cenário hipotético com a disputa apenas entre os dois principais candidatos, Alegre teria uma vantagem de 4 pontos percentuais, com 41% contra 37% de Peña. A maioria dos entrevistados (90,6%) diz que a decisão já está tomada, enquanto 9,4% afirmaram que ainda podem mudar de ideia.
O crescimento de Cubas, no entanto, é uma surpresa. Comparado em seu país a Jair Bolsonaro, ele se apresenta como um candidato antissistema, embora tenha sido senador, e rejeita as instituições tradicionais da política. Assim como o ex-presidente brasileiro, o candidato paraguaio tem um discurso centrado na intolerância e se comunica com seus eleitores principalmente por meio das redes sociais.
Em 2019, Cubas teve o mandato cassado após agredir um policial e ficou conhecido no Brasil por uma declaração em que prometeu matar “100 mil brasileiros bandidos” que estariam no país.
O caso foi gravado e, nas imagens, que circulam até hoje, Cubas é visto abordando policiais que faziam uma apreensão de madeira cortada ilegalmente na fazenda de um brasileiro na cidade de Minga Porã, no Alto Paraná, perto da fronteira com o Brasil.