Com um manejo exigente, mas de alta rentabilidade, o cultivo da baunilha natural atraiu produtores de várias regiões do Distrito Federal em busca de conhecimento sobre técnicas de cultivo, peculiaridades, cuidados e comercialização. Para promover a troca de conhecimento, a Emater-DF levou os produtores a uma propriedade que é referência de produção de baunilha, no Núcleo Rural Tororó, onde é possível ver dois tipos de cultivo: em sistema agroflorestal e em estufa.
A unidade de referência é conduzida pelo casal Anajúlia Heringer e João Sales. Eles têm atualmente cerca de mil pés de baunilha de cinco diferentes espécies. Há cinco anos, o casal faz testes com diferentes variedades e formas de condução do plantio, adubação e irrigação em parceria com a Emater-DF.
Grande parte do plantio é das variedades Vanilla pompona e Vanilla planifolia, mas o casal também está investindo em variedades como Vanilla bahiana, Vanilla chamissonis e Vanilla cribbiana, com a intenção de encontrar o melhor sabor e aroma, além de verificar a variedade que melhor se adapta às condições locais.
Na última sexta-feira (27), o extensionista rural da Emater-DF Carlos Morais guiou um grupo de aproximadamente 15 pessoas pela unidade de referência. “A baunilha é um tipo de orquídea trepadeira, então ela precisa de um tutor para crescer; e, se [o pé] for alto demais, dificulta o manejo”, explicou Morais. “Assim como as orquídeas, a baunilha não pode ter excesso de água, porque as raízes apodrecem”.
Questões como o plantio, o manejo da planta, a polinização das flores e a colheita das favas foram apresentadas ao grupo de produtores. “Assim que você colhe a fava da baunilha, ela não tem nenhum aroma, então é preciso passar por um processo de cura – que não é uma simples secagem, porque tem que manter uma certa flexibilidade e umidade para conseguir uma leve fermentação. Só depois dessa cura é que a fava atinge o máximo aroma e sabor”, ensinou Anajúlia Heringer.
Não é uma iguaria fácil de obter, mas, com o manejo e processamento corretos, o produtor consegue um fruto raro, saboroso e de demanda da alta gastronomia, o que, consequentemente, aumenta a renda do produtor”Carlos Morais, extensionista rural da Emater-DF
Por conta da diferença de sabores e aromas das espécies de baunilha, Anajúlia a compara com a produção de vinhos. “A baunilha do Cerrado tem sabor diferente da baunilha de Madagascar, como vinhos de uvas diferentes. As duas são uma delícia, mas são sabores diferentes”, explica.
Para Carlos Morais, são essas questões específicas que fazem da baunilha uma especiaria tão cara. “Não é uma iguaria fácil de obter, mas, com o manejo e processamento corretos, o produtor consegue um fruto raro, saboroso e de demanda da alta gastronomia, o que, consequentemente, aumenta a renda do produtor”, afirmou.