A deputada argentina Victoria Villarruel, vice-presidente na chapa de Javier Milei, que sagrou-se vencedora das eleições realizadas no domingo (19/11), promete revisar a atual política de memória e direitos humanos do país, que indenizou milhares de vítimas da repressão provocada pelo Estado durante a última ditadura militar (1976-1983).
A proposta ainda não foi detalhada, mas a insistência da advogada de 48 anos nesta pauta representa uma guinada na política da Argentina, onde até então, de acordo com analistas, havia um relativo consenso na elite política sobre como tratar o regime comandado por militares.
O país costuma ser elogiado por especialistas internacionais em direitos humanos e historiadores por ter levado os ditadores militares ao banco dos réus, além de ter julgado e punido torturadores.
Há poucos dias do segundo turno das eleições, Villarruel ainda disse que a Argentina é um país "devastado" e apontou: "Como você acha que poderá resolver isso [a situação do país] se não for com uma tirania?"
Em setembro, um dos maiores centros militares de tortura daquele período, a Esma — já transformado no Espaço Memória e Direitos Humanos na década passada —, foi declarado Patrimônio Mundial da Unesco.