O porta-voz oficial do braço militar do Hamas, as Brigadas al-Qassam, tem sido uma das figuras mais proeminentes na guerra Israel-Gaza. Conhecido como “Abu Ubaida”, ele frequentemente aparece nas redes sociais disseminando as mensagens do grupo online.
Seu apelido faz referência a Abu Ubaida ibn al-Jarrah, um comandante militar muçulmano que foi um dos companheiros do profeta Maomé. Abu Ubaida tornou-se uma figura conhecida depois que o comandante da al-Qassam, Mohammad Al-Deif, anunciou o início da "Operação Inundação de Al-Aqsa" - nome dado pelo Hamas aos ataques de Gaza que mataram 1.200 pessoas no sul de Israel no sábado, 7 de outubro.
Ninguém sabe a identidade exata de Abu Ubaida. Ele sempre aparece nas gravações de vídeo com o rosto coberto por um keffiyeh vermelho (lenço tradicional palestino). Ele se posiciona ao lado de um versículo do Alcorão enquanto anuncia o progresso das operações militares e seus detalhes. Abu Ubaida compartilha seus discursos por meio de seu canal no Telegram, que teria sido lançado em 2020. Ele não possui contas conhecidas em outras plataformas de redes sociais.
Seus discursos em vídeo são compartilhados nas redes sociais e veiculados em diversos canais de notícias.
De acordo com o jornal Al-Sharq Al-Awasat, um popular diário pan-árabe com sede em Londres, "Abu Ubaida foi conhecido pela primeira vez em 2002 como um dos oficiais de campo de al-Qassam". O jornal disse que ele falou à imprensa com o rosto coberto, reproduzindo o estilo do ex-líder do Al-Qassam, Imad Aqel, preso por Israel em 1993.
Em 2006, Abu Ubaida foi nomeado porta-voz oficial das Brigadas al-Qassam. Sua primeira aparição pública ocorreu em 25 de Junho de 2006, quando grupos armados, incluindo o Hamas, invadiram um posto militar de Israel perto da fronteira com Gaza.
A operação ocorreu depois de terem dito que uma bomba tinha caído na casa da família de Huda Ghalia - um caso que atraiu a atenção internacional após a menina de 10 anos ter sido filmada correndo desesperada ao longo de uma praia de Gaza gritando "pai, pai, pai" e depois cair chorando ao lado do corpo dele.
Durante o ataque, o soldado israelense Gilad Shalit foi capturado, outros dois soldados foram mortos e mais dois, além de Shalit, ficaram feridos.
Shalit foi libertado em 2011, após Israel e o movimento islâmico Hamas terem chegado a um acordo em que mais de 1.000 palestinianos foram libertados.
Durante a guerra Israel-Gaza de 2014, Abu Ubaida reivindicou a captura do soldado israelita Shaul Aaron num discurso televisionado, embora Israel entenda de fato que ele esteja morto.
Revelar a identidade de Abu Ubaida tem sido o objetivo de muitos. Em 25 de outubro, o porta-voz do exército israelense Avichay Adraee tuitou um vídeo mostrando a foto de um homem que ele alegava ser Abu Ubaida. Adraee disse que o nome verdadeiro do homem era "Hudhaifa Samir Abdullah al-Kahlout". Nem o Hamas nem al-Qassam comentaram as alegações.
O jornal israelense Yedioth Ahronot publicou que Abu Ubaida recebeu o título de mestre da Faculdade de Fundamentos da Religião da Universidade Islâmica de Gaza em 2013. Diz que ele escreveu uma dissertação intitulada: “A Terra Santa entre o Judaísmo, o Cristianismo e o Islã,” e afirma que ele se preparava para um doutorado.
Segundo o mesmo jornal, Abu Ubaida é originário da aldeia de Naliya, em Gaza, tomada por Israel em 1948. Agora, segundo relatos, vive em Jabaliya, no nordeste de Gaza.
O jornal israelita diz que a casa dele foi bombardeada mais de uma vez por Israel nos anos 2008-2012 e novamente na atual operação na Faixa de Gaza.
A BBC não conseguiu verificar tais informações, publicadas nos meios de comunicação pan-árabes e israelitas.
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