O presidente da Rússia, Vladimir Putin, advertiu nesta quinta-feira (29) as potências ocidentais sobre o risco "real" de uma guerra nuclear em caso de agravamento do conflito na Ucrânia, durante o discurso à nação para definir as prioridades do país, a apenas duas semanas das eleições presidenciais em que não enfrentará concorrência.
Putin celebrou o avanço das tropas no front ucraniano e alertou para as "trágicas consequências" caso algum país ocidental envie soldados a Kiev, depois que o presidente francês, Emmanuel Macron, mencionou a possibilidade no início da semana.
Os países "falaram da possibilidade de enviar contingentes militares ocidentais à Ucrânia (...) mas as consequências destas intervenções seriam realmente trágicas", afirmou Putin diante da elite política russa no Gostiny Dvor, um palácio de congressos perto da Praça Vermelha, em Moscou.
"Precisariam entender que também temos armas capazes de atingir alvos em seu território. Tudo o que inventam neste momento, além de assustar o mundo, é uma ameaça real de um conflito em que serão utilizadas armas nucleares, o que significa a destruição da civilização", disse o presidente russo.
O líder do Kremlin fez o discurso em um cenário muito melhor que o do ano passado, quando as tropas russas haviam protagonizado recuos humilhantes no sul e nordeste da Ucrânia após uma tentativa frustrada de tomar Kiev no início de 2022.
Mas desde então, a contraofensiva ucraniana de verão (hemisfério norte, inverno no Brasil) fracassou e as tropas de Kiev estão na defensiva atualmente, com escassez de munições e superadas por soldados russos em maior número e com melhores armas.
Em meados de fevereiro, as forças de Moscou tomaram a cidade de Avdiivka, na frente leste, e prosseguiram com a ofensiva na região.
"As capacidades de combate das Forças Armadas (russas) aumentaram consideravelmente. Avançam de modo constante em diversas áreas da frente", celebrou Putin, antes de acrescentar que "a maioria absoluta do povo russo" apoia a campanha militar na Ucrânia.
Ele também elogiou "a flexibilidade e a resistência" da economia russa que, apesar da avalanche de sanções ocidentais, resiste e se concentrou na máquina de guerra e no mercado asiático.