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Política

Lula terá oposição forte e dificuldade em compor com Congresso, dizem jornalistas

Coalizão bolsonarista conseguiu arregimentar parcela relevante da Câmara e dos Governos estaduais

Publicada em 07/11/22 às 21:28h - 35 visualizações

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Lula terá oposição forte e dificuldade em compor com Congresso, dizem jornalistas
 (Foto: Rádio Rir Brasil - Brasília - Direção: Ronaldo Castro 61 99808 5827)

SÃO PAULO

presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva enfrentará um Congresso com maioria adversária, o que dificulta alianças para a governabilidade a partir de 1º de janeiro, segundo jornalistas da Folha reunidos em live após a vitória do petista nas eleições deste domingo (30).

lula fala ao microfone
O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva fala após vitória no segundo turno neste domingo (30) - Reuters

Vinicius Mota, secretário de Redação da Folha, afirmou enxergar um quadro de bastante equilíbrio na política brasileira, em geral, com governadores eleitos por coalizões próximas tanto a Lula quanto a Jair Bolsonaro. No Congresso, os partidos que orbitam o petista tiveram bom desempenho, "mas não tão bom quanto seu adversário".

"São 122 deputados federais [na aliança de Lula], parece muito, mas é 24% da Câmara. Não são suficientes para segurar um processo de impeachment. Se tirar os três partidos da aliança de Bolsonaro, o PT tem algo como 64% da Câmara para prospectar. A necessidade de costurar alianças é bastante desafiadora, arrisco dizer que até mais que no primeiro mandato de Lula."

O repórter Ranier Bragon apontou a formação de uma maioria sólida no Congresso como o principal problema de Lula agora, apesar de o presidente que é eleito sempre chegar à cadeira com forte poder de negociação.

Os primeiros alvos de Lula, segundo a avaliação de Bragon, serão partidos como União Brasil e MDB. "Mesmo assim, é uma base nada confortável, se não tiver o Centrão não consegue aprovar uma PEC. Mas atrair o Centrão não é tão difícil assim."

Ele lembrou que nas próximas semanas começam a se definir as eleições para Presidência da Câmara e do Senado. "Rodrigo Pacheco deve se reforçar entre os senadores, a grande incógnita é a Câmara. Arthur Lira se associou muito ao bolsonarismo, comandou a aprovação das principais medidas para a reeleição do atual presidente. A grande dúvida será saber o que Lula, como presidente eleito, vai fazer em relação a essa Câmara. Vai compor, vai ter chapa, vai manter as emendas de relator?"

A colunista Mônica Bergamo apontou que o atual presidente conseguiu construir essa maioria sólida no Congresso, "com a diferença de que ele era de direita". "Lula já fez várias concessões à direita, mas de fato está mais à esquerda do que o Congresso que ele vai pegar."

A experiência do ex-presidente, segundo ela, mostra que ele deve conseguir fazer essa costura, mas "há uma expectativa de que o governo seja parecido com os anteriores". E como apontou Mota, hoje o presidente da República tem menos força para arregimentar bases parlamentares —por causa de fatores como a execução obrigatória de emendas, que nos primeiros mandatos de Lula obedeciam ao arbítrio do Executivo.

"O cenário é mais adverso", apontou Bergamo. "Temos Bolsonaro muito consolidado como liderança, e ele ganhou a máquina de São Paulo, comandada por uma pessoa hoje totalmente subordinada a ele. Lula terá uma oposição forte, respaldada por um ex-presidente com 58 milhões de votos."

TV Folha realizou neste domingo uma programação especial ao vivo sobre as eleições de 2022, com jornalistas, colunistas e convidados comentando os resultados das urnas. Todos os vídeos estão no canal da Folha no YouTube (www.youtube.com/folha).

Nesta segunda-feira, Mônica Bergamo volta a participar de uma live neste canal às 18h ao lado do colunista Bruno Boghossian e da diretora do Datafolha, Luciana Chong.

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