A ausência de Jair Bolsonaro na eleição presidencial de 2026 pode gerar uma reorganização profunda no cenário político brasileiro. Como uma figura central na política nacional nos últimos anos, Bolsonaro consolidou um eleitorado fiel, mas polarizou o debate político. Sem sua presença, o campo da direita pode fragmentar-se, com lideranças disputando o papel de herdeiro político do ex-presidente. Esse espaço pode ser ocupado por figuras como Tarcísio de Freitas, atual governador de São Paulo, ou por outras lideranças regionais e nacionais que busquem se apresentar como uma alternativa conservadora ao governo federal.
Lembrando que Jair Bolsonaro foi declarado inelegível pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em junho de 2023. A decisão foi motivada por abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação durante uma reunião com embaixadores estrangeiros em julho de 2022, quando ainda era presidente.
Na ocasião, Bolsonaro fez acusações infundadas contra o sistema eleitoral brasileiro, questionando a segurança das urnas eletrônicas sem apresentar provas concretas. O TSE entendeu que essa reunião teve o objetivo de minar a confiança no processo eleitoral, influenciando o pleito de 2022, o que configurou uma violação das regras eleitorais.
Com a decisão, Bolsonaro foi declarado inelegível por oito anos, o que significa que ele não poderá disputar eleições até 2030. Essa inelegibilidade é baseada na Lei da Ficha Limpa, que estabelece penalidades para candidatos que cometam abuso de poder político ou econômico.
Por outro lado, a ausência de Bolsonaro também pode alterar o comportamento do eleitorado. Muitos dos votos que ele mobilizou em eleições passadas estavam ligados ao antipetismo e a uma pauta conservadora e ideológica.
Caso a direita não apresente uma liderança com apelo semelhante, o centro e a centro-direita podem tentar captar parte desse eleitorado. Candidatos como Eduardo Leite, governador do Rio Grande do Sul (PSDB) pode buscar ocupar um espaço mais moderado, visando capturar eleitores que anteriormente se identificavam com o discurso de Bolsonaro, mas que desejam uma abordagem menos polarizadora.
Governadores de Goiás, Paraná e Minas Gerais lideram aprovação
Uma pesquisa Genial/Quaest, divulgada em dezembro de 2024, apontou os governadores Ronaldo Caiado (UB-GO), Ratinho Junior (PSD-PR) e Romeu Zema (Novo-MG) como os mais bem avaliados entre os governadores estaduais. Caiado obteve 88% de aprovação, seguido por Ratinho Junior com 81% e Zema com 64%.
Em seguida, aparecem Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), Jerônimo Rodrigues (PT-BA) e Raquel Lyra (PSDB-PE), que também receberam índices elevados de aprovação.
Apesar de estar inelegível, Ronaldo Caiado lidera com o maior índice de aprovação entre os 1.100 entrevistados. Desde seu primeiro mandato, iniciado em 2019, Caiado adotou uma postura de “tolerância zero” contra a criminalidade, alinhando-se à política de segurança pública defendida por Jair Bolsonaro, que foi eleito presidente no mesmo período e fez da segurança uma das principais bandeiras de sua campanha.
É importante destacar que, recentemente, o governador de Goiás foi condenado pela juíza Maria Umbelina Zorzetti, da 1ª Zona Eleitoral de Goiânia, por abuso de poder político e práticas vedadas a agentes públicos durante as eleições municipais de 2024. A decisão torna Caiado inelegível por oito anos, mas não interfere em seu atual mandato, que segue até 2026.
Em entrevista à CNN Brasil, na quinta-feira, 23, Bolsonaro destacou acreditar na reversão de sua inelegibilidade e se posicionou como o candidato da direita. Questionado sobre quais nomes teriam mais chances de representá-lo, Bolsonaro fez elogios a Ratinho Júnior. “Me dou muito bem com ele, pode ser um nome, pode ser um nome para a direita, além de ser um bom gestor também”, reiterou.
Para entender como será um possível cenário político sem Bolsonaro em 2026, o Jornal Opção ouviu políticos locais e cientistas políticos, que avaliaram as chances da direita sem seu maior líder.
Vilmar Rocha: “Bolsonaro não será candidato, mas vai manter o protagonismo”
O professor, advogado, escritor e político Vilmar Rocha (PSD), que tem uma extensa trajetória na política brasileira, com cinco mandatos como deputado federal e dois como deputado estadual, além de outros cargos públicos, fez uma análise sobre o cenário político para as eleições de 2026. Segundo ele, Jair Bolsonaro permanecerá inelegível e não será candidato, mas continuará influente.
“Bolsonaro vai continuar inelegível, ele não vai ser candidato. Mas ele vai ficar até o final. Ele vai repetir o que o Lula fez na eleição de 2018. Até a última hora. Na última hora é que ele vai… porque ele não quer perder o protagonismo. Então, ele vai ser candidato até a última hora, e na última hora o TSE não vai registrar a candidatura dele. Aí vai aparecer outro nome”, afirmou Vilmar.
Apesar disso, ele acredita que a direita tem chances em 2026, desde que surja um candidato forte. “Uma coisa é ele [Bolsonaro], outra coisa é o nome indicado por ele. Se tiver um outro candidato na direita, forte, tem chance de ir para o segundo turno. Até porque a eleição é em dois turnos, não é?”
Lula fora de 2026?
Vilmar Rocha também considera a possibilidade de Luiz Inácio Lula da Silva não ser candidato à reeleição. “Eu também trabalho com a hipótese de que o Lula não vai ser candidato em 2026. O que ele fala, ninguém pode levar a sério, porque ele muda muito, mas eu estou com a convicção — é uma percepção minha — que ele não será candidato.”
Segundo Vilmar, sem Lula, a esquerda brasileira se enfraquece. “Eleitoralmente, enfraquece. Até porque a esquerda está muito fraca. Fora o Lula, ela está sem discurso, sem proposta. Está desconectada da grande massa do povo brasileiro, da realidade brasileira. A esquerda brasileira não se reciclou como aconteceu em outros países do mundo. O que ainda sobra na esquerda é o prestígio eleitoral do Lula. Mas o Lula hoje não encanta mais ninguém, embora ainda tenha força, principalmente no eleitorado do Nordeste.”
Prestígio político x prestígio eleitoral
Vilmar Rocha traça uma diferença entre prestígio político e prestígio eleitoral e exemplifica com nomes históricos. “Ulisses Guimarães tinha um enorme prestígio político. Ele foi presidente da Constituinte, presidente da Câmara, líder das Diretas Já. Mas, em 1989, quando foi candidato à Presidência pelo MDB, a votação dele foi pífia. Ele era politicamente fortíssimo, mas eleitoralmente fraco.”
Já Lula, segundo Vilmar, está no extremo oposto. “Lula hoje é eleitoralmente forte, mas politicamente fraco. Ele perdeu credibilidade e confiança. Além disso, não tem projeto para o país, não tem discurso para o Brasil. Está desconectado da realidade brasileira e do futuro do país. Isso é o que eu percebo.”
Tarcísio como nome forte da direita
Na avaliação de Vilmar Rocha, a direita tem chances em 2026, mesmo sem Bolsonaro como candidato. “A direita, sem o Bolsonaro, tem chances. É claro que depende do candidato e de como estará o cenário em 2026, mas tem chance, sim.”
Para ele, o nome mais forte no momento é o do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas. “O Tarcísio é o nome mais forte disparado. Ele pode até dizer agora que não será candidato, mas mais à frente pode mudar de ideia. O segundo nome seria o de Ronaldo Caiado, mas o Tarcísio está à frente”, concluiu.
Vitor Hugo: “Bolsonaro será o candidato da direita em 2026”
Vitor Hugo (PL), vereador mais votado por Goiânia em 2024 e ex-deputado federal, reforça sua lealdade ao ex-presidente Jair Bolsonaro e acredita que ele será o candidato da direita nas eleições de 2026. Considerado um dos principais aliados de Bolsonaro, Vitor Hugo afirmou: “Não acredito num cenário da direita sem o Bolsonaro. Bolsonaro vai ser o nosso candidato. Nós vamos conseguir reverter essas inelegibilidades. Uma já foi, inclusive já caiu. Você lembra que tinha três inelegibilidades? Eram duas relacionadas às manifestações do 7 de setembro e uma ligada a reunião com embaixadores. O Raul Araújo, se não me engano, anulou uma delas. Agora restam duas: uma sobre a reunião com os embaixadores e outra sobre o 7 de setembro de 2022. Mesmo assim, ambas têm argumentos muito frágeis.”
O vereador defende que a reunião de Bolsonaro com embaixadores foi uma prerrogativa do cargo: “O presidente da República é o chefe das relações exteriores e tem o direito constitucional de tratar diretamente com os embaixadores sobre o que quiser. Já o evento de 7 de setembro envolveu duas situações distintas: o desfile militar e uma manifestação política. São coisas completamente desvinculadas.”
Vitor Hugo também acredita que o cenário político internacional, especialmente com a eleição de Donald Trump nos Estados Unidos, pode favorecer Bolsonaro. “O mundo todo está se reorganizando geopoliticamente. Essa onda da direita no mundo vai se refletir também no Brasil, em todos os aspectos: político, jurídico e eleitoral. Vamos conseguir reverter isso.”
Ou é Bolsonaro ou é quem ele indicar
Sobre os possíveis cenários na direita, Vitor Hugo é categórico: “Qualquer um no Brasil hoje só vai vencer com o Bolsonaro. Ou ele é o candidato ou quem ele indicar. Não existe nenhum nome da direita hoje que, sem o apoio dele, consiga vencer as eleições de 2026.”
Ele reconhece a força dos nomes ligados ao ex-presidente: “Todos os nomes discutidos na imprensa, como os filhos de Bolsonaro, o Eduardo, a Michelle, ou outros líderes apoiados por ele, têm grande chance. Sem o Bolsonaro, acho pouco provável vencer.”
Questionado sobre as divisões internas da direita, como a inelegibilidade de Ronaldo Caiado após uma ação do PL municipal, Vitor Hugo minimiza os impactos: “Foi uma ação do PL municipal, talvez com anuência do estadual, mas não do PL nacional. Não podemos extrapolar e dizer que isso é uma posição de todo o partido. O Flávio Bolsonaro, por exemplo, defendeu a união da direita para enfrentar a esquerda, que é o principal adversário.”
Ele reforça que a direita deve se unir em torno de Bolsonaro: “Todos os pré-candidatos de direita que aparecem agora estão surfando na onda que Bolsonaro criou. Ele abriu caminho. Agora, andar por essa trilha é mais fácil. Por isso, precisamos respeitar seu legado e garantir o espaço que ele conquistou, por gratidão, coerência e pragmatismo. Ele é o único capaz de vencer a esquerda.”
Esperança de reversão no TSE
Vitor Hugo acredita na possibilidade de Bolsonaro reverter sua inelegibilidade no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Segundo ele, a composição do tribunal em 2026 será favorável: “Os ministros do Supremo que estarão no TSE, como Nunes Marques, André Mendonça e Dias Toffoli, adotaram posturas equilibradas. Há chances de reversão.”
Ele aponta fragilidades nos argumentos das decisões que tornaram Bolsonaro inelegível: “A fragilidade dos fundamentos das decisões, somada à nova composição do TSE e à conjuntura internacional, abre espaço para que Bolsonaro seja candidato. Isso será decidido aos 48 do segundo tempo, como ele mesmo disse.”
Segundo o vereador, Bolsonaro pode ser escolhido como candidato pela convenção do partido, e o registro será submetido ao TSE: “O tribunal decidirá se concede ou não o deferimento. Mas acredito que Bolsonaro será o candidato da direita em 2026.”
José Nelto avalia cenário e destaca força da direita
O deputado federal José Nelto (União Brasil) acredita que, caso o ex-presidente Jair Bolsonaro não seja o candidato da direita nas eleições presidenciais de 2026, o nome mais forte do grupo é o de Tarcísio de Freitas. “Se o bolsonarismo se unir em torno do Tarcísio e da Michele, estarão no segundo turno”, afirmou. Nelto também destacou o crescimento político da ex-primeira-dama Michele Bolsonaro dentro da direita brasileira.
Quando questionado sobre uma possível candidatura do governador Ronaldo Caiado sem o apoio de Bolsonaro, o deputado reconheceu os desafios dessa estratégia. “Caiado precisará convencer parte dos brasileiros de que ele pode, mesmo sendo da direita, sair dessa polarização. Não é fácil, haja vista que até nos Estados Unidos as duas últimas eleições foram polarizadas”, observou.
Nelto ponderou ainda que, no cenário atual, Tarcísio de Freitas tem maiores chances de unir a direita. “Por ser governador de São Paulo e estar sendo bem avaliado, Tarcísio sai na frente nessa missão”, destacou. No entanto, ele ressaltou que Ronaldo Caiado, apesar de ser um dos governadores mais bem avaliados do Brasil, enfrenta um entrave eleitoral. “Goiás é um estado pequeno em número de eleitores”, concluiu.
George Morais: “cenário político para 2026 ainda está indefinido”
O deputado estadual e presidente estadual do PDT, George Morais, afirmou que o cenário político para a eleição presidencial de 2026 ainda está “bastante indefinido”. Segundo ele, apesar de já haver nomes sendo especulados, “não temos uma configuração clara sobre os principais adversários e a estratégia dos partidos”.
Em relação à direita, Morais acredita que “há uma possibilidade concreta de se reorganizar e construir uma candidatura competitiva mesmo sem o protagonismo direto do ex-presidente Bolsonaro”. No entanto, ele ressalta que o apoio de Bolsonaro a um nome específico pode ser “determinante”, dependendo de como essa figura seja vista pelo eleitorado mais amplo, fora da base bolsonarista.
Quanto aos possíveis candidatos, Morais, que é goiano, expressou seu apoio à viabilização de Ronaldo Caiado, considerando-o um nome de centro-direita que poderia “unir e representar uma política eficiente, pautada no bom senso, sem extremismos”. Ele também acredita que o Brasil está “amadurecendo politicamente” e que os extremos têm perdido espaço para “lideranças mais pragmáticas, que buscam soluções reais e governabilidade em vez de polarização”.
Por outro lado, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, segundo Morais, também dependerá de um desempenho mais sólido no atual mandato para se viabilizar novamente nas eleições de 2026. Caso isso não ocorra, alternativas como o vice-presidente Geraldo Alckmin podem surgir como uma forma de manter a base de apoio do governo “unida e competitiva”.
O deputado finalizou destacando que o PDT aguarda “a definição do partido sobre candidatura própria ou apoio a outra candidatura”, para que o cenário eleitoral de 2026 se torne mais claro.
Cientistas políticos
Khelson Cruz: “Bolsonaro pode estar preso durante as eleições de 2026″
O sociólogo e cientista político Khelson Cruz acredita que o ex-presidente Jair Bolsonaro não apenas continuará inelegível, mas também pode enfrentar a prisão durante as eleições de 2026. “Bolsonaro, mesmo inelegível ou preso, ainda terá uma força muito grande nas eleições do ano que vem. O candidato que ele apoiar será o mais competitivo”, afirma.
Segundo Cruz, o cenário para a direita nas próximas eleições será marcado pela pulverização de candidatos caso Bolsonaro não possa disputar. “Sem o Bolsonaro como candidato, teremos vários nomes se posicionando à direita, ao centro ou como alternativa ao Lula e ao bolsonarismo.”
Entre os possíveis candidatos da direita, Cruz destacou Ronaldo Caiado, governador de Goiás. No entanto, ele pondera que Caiado enfrenta desafios para se consolidar no cenário nacional. “Acredito que, devido ao episódio da reunião com os vereadores no Palácio, ele corre sério risco de estar inelegível até as eleições. Além disso, por ser de um estado pequeno, ele tem poucas chances de se nacionalizar. Para isso, sua estratégia deveria ser mais firme e consistente, o que, a meu ver, ele não tem conseguido fazer.”
Outros nomes da direita também foram analisados: “O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, deve continuar como candidato à reeleição, com grandes chances de vitória, pois demonstrou ser um excelente gestor”, avalia. Já o governador do Paraná, Ratinho Júnior, é visto por Cruz como um candidato com projeção limitada. “Acredito que ele seja muito local e não tenha força suficiente para se colocar no cenário nacional.”
O cientista político também destacou Eduardo Leite, governador do Rio Grande do Sul, como um nome de centro com potencial. “Eduardo Leite é um excelente gestor, tem um discurso nacional sólido e agrada ao público que busca alternativas aos extremos, ou seja, nem alinhado a Lula nem a Bolsonaro.”
Sobre outros nomes possíveis, Cruz menciona o empresário Pablo Marçal, que tem se posicionado como uma alternativa ao bolsonarismo e ao lulismo, e o governador de Minas Gerais, Romeu Zema. “Zema é um gestor de destaque, com boa entrada nacional, e pode se colocar como uma alternativa ao bolsonarismo sem ser um candidato diretamente ligado a Bolsonaro.”
O sociólogo também considera improvável que uma figura como Gustavo Lima, conhecido no meio artístico, consiga se consolidar. “Caso ele consiga um partido para viabilizar sua candidatura, seria uma incógnita, mas acredito que ele não emplacaria por ser um nome fora do meio político.”
Por fim, Cruz acredita que, caso Bolsonaro não seja candidato, ele deve apoiar alguém de sua confiança. “Bolsonaro já deixou claro que pode apoiar um de seus filhos, como Flávio ou Eduardo, ou até sua esposa, Michele. O candidato que tiver o apoio irrestrito de Bolsonaro será o mais forte”, conclui.
Sobre as chances de a direita vencer Lula em 2026, Cruz é cético. “A direita tem chances? Sim, mas são poucas. Mesmo com a máquina pública em mãos, Bolsonaro não conseguiu vencer Lula em 2022. O PT estava desgastado, mas Lula é maior que o partido, assim como Bolsonaro é maior que a direita. Apesar do cenário econômico não ser tão favorável ao atual governo, acredito que Lula ainda tem maior probabilidade de reeleição.”
Encerrando sua análise, Khelson Cruz reafirmou a importância do apoio de Bolsonaro na definição do cenário político de 2026, mesmo diante de uma eventual inelegibilidade ou prisão.
Marcos Marinho: “desafio da direita é encontrar substituto à altura”
Para o professor e consultor de marketing político Marcos Marinho, a direita brasileira enfrenta um desafio significativo: encontrar um nome que substitua o ex-presidente Jair Bolsonaro como líder natural. “Não há um nome natural para substituir Bolsonaro. As especulações giram em torno de políticos que poderiam receber seu apoio, como o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), e o governador do Paraná, Ratinho Júnior (PSD)”, afirma.
Apesar disso, Marinho acredita que a direita tem condições de vencer as eleições presidenciais de 2026 mesmo sem Bolsonaro. “O cenário político atual favorece o crescimento da direita”, avalia. No entanto, o professor destaca que tanto a direita quanto a esquerda enfrentam uma necessidade urgente de renovação de lideranças.
Segundo Marinho, a direita dificilmente chegará a 2026 com apenas um nome consensual. “Não é uma característica da direita. Todos se acham em condições de levantar o estandarte bolsonarista. Porém, pensando em viabilidade, o Tarcísio sai na frente, caso Bolsonaro continue inelegível”, analisa.
Ele também alerta que a falta de união entre os partidos de direita pode beneficiar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “Se a direita não se aglutinar em torno de um nome forte e chegar a 2026 com fraturas, o único beneficiado será o presidente Lula. Penso que, nesse cenário, ele se manterá no poder”, avalia Marinho.
Para o professor, Lula já trabalha para melhorar a imagem de seu governo, de olho nas próximas eleições. Contudo, Marinho ressalta que o cenário político até 2026 pode ser influenciado por diversos fatores. “No momento, Bolsonaro está fora do páreo, e não há um substituto à altura. Dos bolsonaristas que aparecem nas pesquisas, nenhum tem a envergadura de Bolsonaro para uma disputa direta com Lula”, frisa.
Marinho também pontua que Ronaldo Caiado enfrenta obstáculos semelhantes. “Assim como Bolsonaro, Caiado está inelegível e governa um estado pequeno. A direita deve afunilar suas opções em, no máximo, três nomes”, avalia.
Sobre a esquerda, Marinho destaca que também não há outro nome competitivo além de Lula, caso ele não concorra em 2026. “Penso que Flávio Dino poderia ser essa figura, mas ele optou por compor o Supremo Tribunal Federal e, talvez, não desista de ser ministro neste momento”, observa.
Por fim, o professor avalia que a vitória de Donald Trump nos Estados Unidos poderá ter reflexos positivos para a direita brasileira em 2026. “A volta de Trump animou a direita conservadora, não somente no Brasil, mas no mundo. Isso, com certeza, influencia, tendo em vista que tanto o Brasil quanto os Estados Unidos passaram por situações semelhantes após a derrota de seus líderes direitistas”, conclui Marinho.
Sem Lula em 2026?
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva surpreendeu ao admitir, durante a primeira reunião ministerial de 2025, que pode não ser candidato à reeleição em 2026. Em sua fala, Lula revelou que a decisão dependerá da “vontade de Deus”.
O presidente mencionou episódios recentes que o colocaram em situações de risco, como uma viagem ao México em outubro, quando a aeronave presidencial teve que voar em círculos por cerca de cinco horas devido a um problema técnico. Na ocasião, o avião precisou queimar combustível para retornar ao aeroporto e realizar um pouso seguro. Lula também citou a recente cirurgia cerebral que se submeteu após uma queda no banheiro, destacando o risco de morte que enfrentou caso não tivesse sido operado em São Paulo.
Entretanto, especialistas interpretam as declarações do presidente como uma estratégia populista, com o intuito de gerar um apelo popular para que ele permaneça no poder. Muitos acreditam que ele espera um movimento de apoio popular, ou o tradicional “Fica Lula”.
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